Lidando com a agressividades das crianças
- Laila Tonelli
- 17 de fev.
- 4 min de leitura
Atualizado: 18 de fev.
Para início de conversa, é importante lembrar que todo comportamento é a comunicação de sentimentos e necessidades. Inclusive a agressividade, a resposta ríspida e aquele comportamento desafiador que as crianças podem apresentar.
Marshall Rosenberg diz que:
“Toda violência é a expressão trágica de uma necessidade não atendida”
É trágico porque o comportamento pode gerar mais dor e mais desconexão, além de ser baseado no medo, na culpa ou na vergonha.
O que muitos pais não sabem é que existem vários fatores que influenciam o comportamento de uma criança, como:
O comportamento típico de cada idade
O funcionamento do cérebro
Desencorajamento
Necessidades não atendidas
Falta de habilidade e capacidade para lidar com os sentimentos e emoções.
A maneira como os pais escolhem viver e se relacionar com eles.
As relações com as pessoas próximas
Doenças ou incapacidades orgânicas/fisiológicas
Excesso de telas
O ambiente físico e espiritual
As tendências que a criança pode manifestar nesta vida.
Enfim, são vários os fatores que influenciam o comportamento desafiador de uma pessoa e rotular seu filho como difícil ou agressivo não vai ajudar em nada na hora de lidar com ele. (Nas mentorias individuais, podemos investigar e cuidar juntas/os dos desafios que você vive em sua casa)
Isso significa que você vai aceitar tudo? Não. O convite é olhar para além do comportamento e tentar compreender a criança com um ser inteiro e complexo, assim como nós. Um ser único que pede por cuidado, afeto e orientação.
Pensa comigo: quando a criança ainda não sabe comer, ensinamos. Quando não sabe andar, ensinamos; quando não sabe usar o vaso sanitário, ensinamos. E o que fazemos quando ela não sabe se comportar? Também ensinamos.
Vale lembrar que ensinar não é punir. Punição é violência. Ensinar é um caminho construído na base do respeito mútuo, do afeto e da orientação firme e gentil ao mesmo tempo. Por isso, é fundamental olhar para a criança com um ser humano digno de respeito e amor, assim como nós.
E a agressividade?
A agressividade é um comportamento expresso por palavras ou ações. Ela pode ser a manifestação de uma desregulação emocional somada a uma falta de habilidade para lidar com os sentimentos; um pedido de apoio ou aceitação; a manifestação de necessidades com autonomia, escuta ou aceitação... Lembra do início da nossa conversa? São vários fatores que influenciam o comportamento.
Alfred Adler, referência da psicologia humanista, acreditava que a motivação primária de todos os seres humanos é serem aceitos e se sentirem importantes. E, constantemente, as pessoas buscam estratégias para alcançar isso. As vezes as estratégias são mais saudáveis e assertivas que outras.
Para lidar com a agressividade da criança é fundamental ter em mente que o comportamento é uma comunicação e que o seu papel como pai/mãe é ajuda-la a lidar com o que está por traz desse comportamento.
Aqui vão algumas sugestões práticas:
Valide os sentimentos, não o comportamento. “Eu vi que você está bravo. Está tudo bem se sentir assim. Você pode me dizer com palavras por que você está com raiva?”
Dê presença silenciosa e empática, ajudando a criança na corregulação emocional. Aqui você pode usar o poder da sua mente e a sua energia (se você estiver bem) para envolver a criança.
Lembre-se que o seu exemplo é a principal forma de educação. Como você tem lidado com seus sentimentos?
Não leve para o lado pessoal. Evite reagir à agressão com agressão. Entrar na dinâmica de competir com a criança aumenta a disputa de poder e modela o oposto do que você gostaria.
Lembre-se que um cérebro desconectado não aprende. Na hora da explosão emocional não é momento de tentar educar com teorias, é momento de acolher e amparar.
Depois que a criança estiver regulada, aí sim, é o momento de investigar e pensar em estratégias de conexão e educação positiva “preventiva”.
Como diz Jane Nelsen, uma criança malcomportada é uma criança desencorajada. Logo, é importante compreender a causa desse desencorajamento.
Algumas perguntas para apoiar essa investigação:
Como foi o dia da criança até agora?
Quais foram os possíveis gatilhos para a desregulação emocional da criança?
A criança estava com alguma necessidade física não atendida (sono, fome, precisando ir ao banheiro, sede)?
Como estava o ambiente físico e espiritual no dia da explosão emocional?
Quais as possíveis necessidades ela estava precisando ou buscando?
Quais comportamentos são esperados na idade do meu filho?
Essas são apenas algumas sugestões para você começar a lidar com a agressividade das crianças de maneira construtiva e não-violenta.
O que não pode sair do seu radar:
Todo sentimento é válido, mas nem todo ação.
Punição só piora o comportamento.
A criança tende a se comportar melhor quando se sente amada e aceita.
Não espere mais do que a sua criança é capaz de dar no momento.
O exemplo arrasta.
Espero que esse artigo possa apoiar o seu maternar/parternar. Caso queira uma orientação mais direta para trabalhar a sua relação com seu(s) filho(s), sinta-se encorajado(a) a me procurar. contato@vivercomadeto.com I 31 9.9068.0086
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